26 de out. de 2010

Por que queremos sempre ser os donos da verdade?



Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?

Será que precisamos vencer todas as discussões que travamos?

Dale Carnegie, escritor e orador americano, autor do best seller: Como fazer amigos e influenciar pessoas, narra uma experiência particular muito rica.

Conta ele:

Certa noite, estava num banquete dado em honra a um homem muito importante.

Durante esse banquete, um outro homem que estava sentado ao meu lado contou um caso que girava em torno da seguinte afirmativa: "Há uma Divindade que protege nossos objetivos,   traçando-os como os desejamos."

Ele mencionou que tal frase era da Bíblia.

Enganara-se. Eu sabia disso. Sabia, e com toda a certeza. Não podia haver a menor dúvida a respeito.

E assim, para conseguir um ar de importância e demonstrar minha superioridade, tornei-me um importuno e intrometido encarregando-me de corrigi-lo.

Acionou suas baterias. "Quê? De Shakespeare? Impossível! Absurdo! Essa frase era da Bíblia." E ele conhecia.

O homem que narrava o caso estava sentado á minha direita, e o senhor Frank Gammond, meu velho amigo, à minha esquerda.

O Sr. Gammond havia dedicado anos ao estudo de Shakespeare. Assim, o narrador e eu concordamos em submeter a questão ao Sr. Gammond.

Este escutou, cutucou-me por baixo da mesa e disse: "Dale, você está errado. O cavalheiro tem razão, a frase é da Bíblia."

De volta para casa, disse ao Sr. Gammond: "Frank, eu sei que a frase é de Shakespeare."

"Sim, naturalmente", respondeu. "Hamlet, ato V, cena 2. Mas nós éramos convidados numa ocasião festiva, meu caro Dale.

Por que provar a um homem que ele estava errado? Isso iria fazer com que ele gostasse de você? Por que não evitar que ele ficasse envergonhado?

Não pediu sua opinião. Não a queria. Por que discutir com ele? Evite sempre um ângulo agudo."

O homem que me disse isso ensinou-me uma lição inesquecível. Eu não só tinha embaraçado aquele contador de estórias, como também o meu amigo.

Teria sido muito melhor se eu não tivesse sido argumentativo.

A necessidade de sermos aceitos num grupo, de mostrar o que sabemos, muitas vezes nos coloca em situações desagradáveis.

Somos descorteses e inconvenientes, querendo provar um ponto de vista com veemência, apenas para que todos percebam como eu estava certo.

Será que o mais importante nessas conversas é estar certo ou ser polido, fraterno com a outra pessoa?

Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?

Eis o orgulho disfarçado de sapiência, de eloquência, esquecendo que o amor nos faz querer ajudar o outro, em toda oportunidade, e nunca desmerecê-lo.

Pensemos sobre isso, e nas conversações lembremos de dar espaço ao outro, de procurar exaltar as qualidades do próximo, sendo polidos e amáveis em toda oportunidade.

A caridade tem mais nuances do que se pode imaginar...


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Os 3 Conselhos


Um casal de jovens recém-casados, muito pobre, vivia de favores num sítio do interior.
Um dia o marido fez a seguinte proposta para a esposa:
- Querida, eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável.
Não sei quanto tempo vou ficar longe, mas só te peço uma coisa:
que você me espere e, enquanto eu estiver fora, seja fiel a mim, pois eu serei fiel a você.
Assim sendo, o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava
precisando de alguém para ajudá-lo.
O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi aceito.
Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi aceito.
O rapaz pediu o seguinte:
- Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e, quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações.
Eu não quero receber o meu salário agora.
Peço que o senhor o coloque na poupança até o dia em que eu for embora.
No dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho.
Tudo combinado, o jovem trabalhou durante vinte anos, sem férias e sem descanso. Depois, chegou para o patrão e disse:
- Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a minha casa.
O patrão então lhe respondeu: 
- Tudo bem, afinal, fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que antes quero lhe fazer uma proposta:
eu lhe dou o seu dinheiro e você vai embora, ou então lhe dou três conselhos 
e não lhe dou o dinheiro e você vai embora.
Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos, se eu lhe der os conselhos, eu não lhe dou o dinheiro.
Vá para o seu quarto, pense e depois me dê a resposta.
Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe:
- Quero os três conselhos.
O patrão novamente frisou:
- Se eu lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro.
E o empregado respondeu:
- Quero os conselhos.
O patrão então lhe falou:
- Conselho 1: "NUNCA TOME ATALHOS EM SUA VIDA.
Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida.

- Conselho 2: NUNCA SEJA CURIOSO PARA AQUILO QUE É MAL,
pois a curiosidade para o mal pode ser mortal.

- Conselho 3: NUNCA TOME DECISÕES EM MOMENTOS DE ÓDIO OU DE DOR,
pois você pode se arrepender e ser tarde demais.

Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim:

- Aqui você tem três pães: dois para comer durante a viagem e o terceiro é para comer com sua esposa quando chegar à sua casa.
O homem então seguiu seu caminho de volta, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que tanto amava.
Após o primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que o cumprimentou e lhe perguntou:
- Para onde você vai?
Ele respondeu:
- Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada por essa estrada.
O andarilho disse-lhe então:
- Rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é dez, você chega em poucos dias.
O rapaz, contente, começou a seguir pelo atalho, quando lembrou do primeiro conselho. Então,
voltou e seguiu o caminho normal. Dias depois, soube que o atalho levava a uma emboscada.
Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou uma pensão à beira da estrada, onde pôde hospedar-se.
De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor.
Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para ir até o local do grito. Quando estava abrindo a porta,
lembrou-se do segundo conselho. Voltou, deitou- se e dormiu.
Ao amanhecer, após tomar café, o dono da hospedagem perguntou-lhe se ele não havia ouvido um grito, e ele disse que sim.
E o hospedeiro:
- E você não ficou curioso?
Ele disse que não. No que o hospedeiro respondeu:
- Você é o primeiro hóspede a sair daqui com vida, pois meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite e, quando o hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal.
Depois disso, o rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por chegar à sua casa. Depois de muitos dias
e noites de caminhada, já ao entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre
os arbustos a silhueta de sua esposa.
Estava anoitecendo, mas ele pôde ver que ela não estava só.
Andou mais um pouco e viu que ela retinha entre as pernas um homem a quem acariciava os cabelos. Quando viu a cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e matá-los.
Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do terceiro conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir ali mesmo naquela noite, e no dia seguinte tomar uma decisão. Ao amanhecer, já com a cabeça fria, disse:
- Não vou matar minha esposa e nem o seu amante.
Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta.
Só que, antes, quero dizer à minha esposa que eu sempre lhe fui fiel.
Dirigiu-se à porta da casa e bateu.
Quando a esposa abriu a porta, reconheceu-o imediatamente, atirou-se em seu pescoço e abraçou-o afetuosamente.
Ele tentou afastá-la, mas não conseguiu.
Então, com as lágrimas nos olhos, disse-lhe:
- Eu fui fiel a você e você me traiu...
Ela, espantada, respondeu:
- Como? Eu nunca lhe traí, esperei durante esses vintes anos.
Ele então lhe perguntou:
- E aquele homem que você estava acariciando ontem, ao entardecer?
Ela lhe respondeu:
- Aquele homem é nosso filho.
Quando você foi embora, descobri que estava grávida.
Hoje ele está com vinte anos.
Então o marido entrou, conheceu, abraçou o filho e contou-lhes toda a sua história,
enquanto a esposa preparava o seu café.
Sentaram-se para comer juntos o último pão.
Ele então parte o pão e, ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro -
o pagamento por seus vinte anos de dedicação!

 Muitas vezes achamos que o atalho "queima etapas"
e nos faz chegar mais rápido, o que nem sempre é verdade.
Muitas vezes somos curiosos, queremos saber de coisas que nem ao menos nos dizem
respeito e que nada de bom nos acrescentará.
Outras vezes agimos por impulso, na hora da raiva, e fatalmente nos arrependemos depois.


Auto:  Dival Buense, do Livro Historias do Dia-a-Dia

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